Assistindo o Programa Esquenta hoje me senti motivado a escrever este texto.Claro que o que escrevemos sempre vem carregado de uma implicação pessoal, e este tem muita implicação pessoal.
Qual é o negro que nunca foi chamado de "chocolate", "pretinho (a)", "moreninho (a)", "morronzinho (a)", dentre outros? Sempre me recusei ser chamado destas formas, pois sempre acho que isso significa um tratamento diferenciado pela cor que tenho.
Inúmeras são as formas de preconceito contra os negros e, isso é carregado de símbolos históricos, aspectos sociais e culturais. No Brasil, historicamente, pra alguns escravagistas (que são muitos), os negros nunca deixaram de ser escravos e tratados como cidadãos de segunda categoria. A "lei do ventre livre", a "abolição dos escravos", todos estes processos que aparentemente contribuiram para a emancipação dos negros, apenas os fizeram sair das senzalas sem "eira e bem beira" (sempre quis usar este termo) e ocupar os espaços que se tornaram favelas. Mas o que deveriam ser as favelas, se não espaços de festa de negros "livres" pós-senzalas? O que deveria ser as favelas, se não espaços de reivindicação e luta dos negros capoeiristas, umbandistas ou candomblecistas que buscavam viver sua espiritualidade e crença sem perseguições?
A favela se tornou um espaço marginal (daquele que se encontra à margem). Isso, pois os negros também eram (e não sei se ainda são) os marginais sociais. Muitos dirão que estou muito duro. Todavia, se cada vez que a polícia entra numa favela os negros são os maiores alvos, se os negros sempre são as pessoas suspeitas em vários lugares. Estou sendo preconceituoso? É necessário existir políticas de cotas para buscar uma igualdade, mesmo assim sinto que esta igualdade está distante, muito distante!
Caetano Veloso disse outro dia que é uma idiotice ficar buscando termos politicamente corretos para definir a cor da pele de alguém. Concordo com ele. Nem negro, nem pretinho e nem moreninho, que seja definido como Humano. Minha pele é PRETA, minha raça negra, e minha espécie HUMANA!
O dia em que o ser humano for definido desta forma, o mundo conseguiria lidar com as diferenças como complementares e não como o que distancia um humano do outro.
Propositalmente este texto não tem final. Está aberto a quem quiser contribuir para a sua continuidade ou conclusão.