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quinta-feira, 28 de março de 2013

Enquanto há CARTA ainda há esperança!

Quando eu tinha 10 anos, por meio de um projeto social na escola, conheci um casal de educadores muito querido. Se chamavam Martha e Ricardo. Eu e Martha nos tornamos amissíssimos. Ela era muito doce, gentil, carinhosa. Não tinha idade pra ser minha mãe, mas cuidava de mim como tal. E eu adorava! Martha morava em Niterói (digo morava, pois há 15 anos não nos falamos.). Morar em Niterói pra mim era como alguém que vive em Santa Catarina, não conseguia conceber o quanto era próximo. Rsrs... Eles ficaram durante 02 meses aplicando o projeto na minha escola. Me lembro ao final que chegamos a apresentar uma peça de teatro sobre o "Estatuto da Criança e do Adolescente". Acho que daí é que veio a minha militância na área dos Direitos Humanos. Ao nos despedirmos eu e Martha trocamos endereços e ela prometeu escrever pra mim. 15 dias depois, chegou em minha residência a primeira carta. Me senti super importante! Um carteiro veio até a porta da minha casa trazer uma carta pra mim! Como aquela mulher tão ocupada com tantos afazeres, com uma filha de 05 anos, com toda uma vida agitada parou para escrever pra mim uma correspondência? E a carta? Ah a carta! Tinha ternura, muita ternura! E assim por 03 ou 04 anos trocamos cartas. Escrevemos sobre sentimentos, sobre o nosso desejo de felicidade mútua, sobre a alegria, sobre a tristeza, sobre o futuro, sobre o presente. SOBRE A VIDA! 
O ritual de escrever uma carta está ligado ao cuidado. Desde a escolha da caneta e do papel até colar o envelope e por o selo. Infelizmente, hoje as informações se antecipam aos carteiros e chegam on line. Tocar na carta é um pouco como tocar no sentimento, mesmo que ele seja abstrato, tal como é. Penso que seja como provar um vinho, um bom vinho branco. Onde se pode sentir pelo paladar todo processo desde a parreira, passando pela fermentação, sua disposição na adega até chegar a taça. Alguns amigos diriam que este vinho não pode ser brasileiro. E eu concordo! Rsrsrs... 
Por mais interessante e importante que seja trocar e-mails, sms e outros, eu ainda acho que nas relações pessoais com amigos, namorados e outros deveríamos escrever cartas. As cartas que depois de um tempo não precisamos jogar fora, pois não enchem a nossa caixa de entrada. As cartas que podemos tocar, sentir cheiro, e nos sentir acariciados por elas. Muitos me acharão muito "retrô" por isso. Mas não tenho menor problema de dizer o quanto adoro as cartas e o quanto adoraria pedir o endereço dos meus amigos ao invés de seus e-mails e nomes no facebook! 

4 comentários:

  1. Aaaaaaaaaaah como seria bom receber uma carta!!! Matar a saudade desse velho e bom ritual!

    Entretanto querido Lu, penso que os e.mails são versões atualizadas das cartas de antigamente. Criamos expectativas, desejos e nos comportamos ansiosamente mediante a espera do que tem por vir em nossa caixa de correio virtual. Mudou somente a embalagem, o formato, a forma de envio e chegada, porém, continua sendo a espera, o anseio, por ler o sentimento, o desejo, a notícia de alguém que nos escreve.

    Pense nisso, é só mais uma atualização da vida!!! Não conseguimos mais recuar tecnologicamente, porém podemos mandar e receber com mais facilidades as cartas para quem e de quem desejamos.

    Adorei o post!!! Beijos e espero que goste dessa carta, que só foi possível enviar agora por conta do avanço tecnológico, do contrário vc só receberia esta lá pro mês que vem.

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  2. Eu não sou contra os avanços da tecnologia Claudinha! Mas sou muito favorável aos rituais antigos das correspondências via carteiro! Rsrsrs... É verdade, não dá mais pra retroceder tecnologicamente!
    Obrigado pela carta chegada em tempo real!

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    Respostas
    1. É meu lindo;
      Como diz a nossa querida Marta Medeiros!
      Através das cartas expessamos sentimentos que nem sempre teríamos coragem de dizer para alguém pessoalmente ou no mesmo momento.
      Torna-se uma coisa menos ansiosa! Pois quando enviamos um e-mail, mens eletrônica e por algum motivo não temos resposta em tempo real ficamos na expectativa ou até mesmo na saudade.
      Diferentemente da carta que mesmo estando longe as frases o cheiro ficam presentes em nossas vidas! Para sempre...

      Bj..

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  3. Viva a possibilidade de viver os rituais que a escrita nos propõe! Salva a boa e super querida Martha Mey Jane!E também salve a expectativa, ansiedade e saudade de esperar a resposta seja on line ou por uma carta que nos deixa embriagados por seu cheiro e conteúdo!
    Obrigado por esta inesperada e tão querida carta virtual!

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